Reeleito, o governador Eduardo Leite (PSDB) tem total legitimidade para escolher o secretariado com quem irá trabalhar. Contudo, é questionável a opção de importar um nome para comandar a Segurança Pública num momento em que a área possa por uma situação delicada devido à disputa travada entre facções pelo controle do tráfico de drogas e, como consequência, deixando muitos mortos. Na manhã de sexta-feira, Leite anunciou o delegado da Polícia Federal (PF) Sandro Caron. Ele é gaúcho de Porto Alegre, mas atualmente é o secretário de Segurança do Ceará, Região Nordeste.
Embora possa ter alguma semelhança, são realidades bastante diferentes entre o Estado nordestino e o Rio Grande do Sul em relação aos problemas de violência. Em 2015, o então governador José Ivo Sartori (MDB) escolheu Wantuir Jacini, também um delegado da PF e gaúcho de São Gabriel para secretário. A exemplo de Caron, ele trabalhava fora do Estado. À época, Wantuir era secretário da Segurança Pública de Mato Grosso do Sul. Assim que foi anunciado, o delegado concedeu várias entrevistas e demonstrou desconhecer a realidade da situação da segurança no Rio Grande do Sul. Sua gestão fracassou e depois de um ano e seis meses à frente da pasta, Wantuir pediu para sair em meio a um crise na área com altos índices de criminalidade.
Secretário de Segurança do Ceará, Sandro Caron (ao cento), foi o escolhido para comandar a pasta no governo Eduardo Leite (à dir.) Foto: Maurício Tonetto, Divulgação
Em entrevista ao Jornal do Almoço, nesta segunda-feira (26), o futuro chefe da Segurança Pública disse que estava há oito anos fora do Estado trabalhando como delegado da PF e, depois, como secretário no Ceará. Caron acrescentou que veio passar o Natal com a família em solo gaúcho e recebeu o convite do governador. Portanto, está há um bom tempo afastado da realidade do Estado.
Certamente, o Rio Grande do Sul tem profissionais muito capacitados na Brigada Militar e Polícia Civil e também fora das corporações mais conectados com a realidade delicada da segurança e em condições de assumir a pasta. Embora a legitimidade para escolher a equipe, Leite assume o risco de a nomeação de um secretário importado não ser a mais acertada e repetir o insucesso da escolha de Sartori. Mas só o tempo dirá se o governador reeleito fez a melhor aposta diante de um cenário bem complicado.